segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Colportando de casa em casa

Deus me chamou para a obra da Colportagem em outubro de 1996, apenas três meses após meu batismo na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Tudo ocorreu na cidade nordestina de Juazeiro do Norte, no Sertão cearense.
Eu havia sido batizado há pouco tempo, enão tinha emprego. Por isso, Aldemy Freitas, meu instrutor bíblico, me encaminhou a essa obra. Ele havia, em sua casa, feito uma apresentação com o livro Vida de Jesus, mostrando como se colportava. Fomos juntos até a Rua São Benedito, no Bairro Franciscanos, onde estavam morando o grupo de colportores.
O líder de equipe era José Raimundo, quem nos recebeu muito bem. Ele me incentivou, entregou-me o prospecto e algumas revistas Paz na Tempestade (creio que foram dez) e disse o valor do material. Eu decidi, naquele momento, que não ficaria devendo a Obra. Depois de alguns dias de trabalho, vendi todas as revistas, pagando tanto elas como o prospecto.
Em um dos primeiros dias de trabalho, eu saí para fazer visitas com José Belo (Beto), um colportor que sempre admirei pela paciência e consagração. Durante vários anos trabalhando ao lado dele, nunca o vi com raiva de ninguém. Com ele dei minha primeira oferta. Recordo que o prospecto tremia em minhas mãos.
Outro dia saí com José Walter, que viria a ser o líder da equipe. Com ele vendi meu primeiro livro, Saúde: novo estilo de vida, ao Senhor José, na Rua Padre Medeiros, no bairro Juvêncio Santana.
Depois desse início, passei a ser um colportor com certo destaque na equipe, figurando na lista dos três com melhores resultados em vendas. Como eu estudava, trabalhava apenas meio período. Trabalhei mais de um ano como estudante, e depois de concluir o Ensino Médio, passei a acompanhar a equipe Cariri nas viagens. 
Trabalhei como colportor efetivo por oito anos, na Missão Costa Norte, nos estados do Ceará (Juazeiro do Norte, Crato, Caririaçú, Nova Russas, Crateús, Orós, Iguatú); Paraíba (Cajazeiras) e Piauí (Teresina). Também liderei um projeto especial, chamado Viva Melhor, com vários colportores novatos. Creio que o período foi de uns seis meses. Nessa fase eu viajava a Fortaleza, capital do Ceará, a cada dois meses para fazer os acertos da equipe. Lembro que, nas primeiras semanas de trabalho, eu saia com os colportores e fazia vendas para eles, como incentivo. A equipe foi se diluindo, pouco a pouco, e percebi que meu forte não era liderar equipes.
Usei distintos métodos para espalhar a literatura adventista: o método por excelência (casa em casa); temas em Igrejas Evangélicas e ofertas coletivas nas Escolas. Às vezes, abordava as pessoas nas ruas ou praças, e lhes vendia livros. Cheguei a vender vários livros mesmo sem o prospecto, somente com as palavras e a misericórdia divina. Lembro que, quando foi lançado o livro Passaporte para a Vida, de Alejandro Bullón, vendi vários exemplares antes da chegada do prospecto e dos livros.
Sempre fui um inovador. Enquanto a maioria preferia trabalhar com obras sobre saúde, eu oferecia livros religiosos. Os meus preferidos eram Vida de Jesus, O Grande Conflito, Jesus: o melhor presente, Passaporte para a vida eO Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse, do qual distribui mais de 500 exemplares. Enquanto alguns colportores, no afam de economizar, se hospedavam em igrejas, nossa equipe sempre alugava uma casa ou apartamento. Para ampliar minhas vendas, sempre fui muito observador e lia frequentemente as notícias. Adaptava minha oferta de acordo com o cliente ou situação.
Todas as campanhas foram inesquecíveis. Mas uma foi muito especial, pelo desafio proposto aos colportores. Foi uma megacampanha na cidade de Teresina, capital do Piauí. O alvo era distribuir 5.000 exemplares deO Terceiro Milênio, no final de 1999. As três equipes do campo foram convidadas. No total, 60 colportores viajaram a capital para o desafio. Foram veiculadas propagandas na rádio, televisão e outdoors. Usávamos uma camiseta padronizada, que dizia “O terceiro milênio chegou”.
Naquela época, eram muito esperados os cursos de colportagem, envolvendo os colportores de todo o campo. Geralmente eram realizados em Fortaleza e contavam com a presença de convidados especiais da União Nordeste, da Divisão Sul-Americana e da Casa Publicadora Brasileira. O mais impactante de todos foi o Concílio de Colportores da União Nordeste, com 520 participantes, realizado no ENA, (EducandárioNordestinoAdventista) quando esse internato ainda estava ativo.
Trabalhando de cada em casa, Deus me abençoou ricamente. Graças à colportagem, aprendi a pregar e adquiri um gosto especial por nossa literatura. Além disso, passei a ter uma paixão por nossa história, mensagem e missão, especialmente após a leitura do livro Nossa Herança. Colportando conheciminha esposa. Casamos em maio de 1999, com a presença de vários colegas de prospecto. Devido às bênçãos materiais da obra de publicações fui o primeiro de meus irmãos a comprar uma casa (ainda solteiro) e uma moto.
Graças acolportagem, concluí o bacharelato em teologia pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (2004) e publiquei o livro O Alicerce da Ação: textos e frases para reflexão (2002). Também conheci muitos lugares e gente interessante. A maior alegria, porem, foi ver algumas pessoas batizadas, graças a essa Obra especial.
Ribamar Diniz foi colportor efetivo entre 1996-2004 e se gradou no Seminário Adventista Latino-americano de Teologia colportando nas férias, no Brasil, Bolívia, Equador e Chile. 

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