segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Jornada de fé VI: o papel da família

Essa é a sexta de uma série de reflexões sobre os melhores momentos vividos por Ribamar Diniz e família durante sua preparação para o ministério pastoral, na Universidade Adventista da Bolívia.

Durante esses seis anos, temos tentado apontar em uma única direção que é servir a Deus no ministério pastoral. Somos muito felizes porque nossos filhos também tem essa mesma visão. Quando eu recebi o chamado de Deus, pude sentir que minha família também foi chamada e aceitou o desafio de ir aonde Deus mandar. Essa visão nos ajudou a não sair do trilho, mesmo nos momento mais críticos. Nem sempre essa visão estava clara para minha esposa.

“Não desista”

“Quero ir pra casa… voltemos para o Brasil, Ribas…” pediu-me incontáveis vezes Cicinha (em lágrimas) durante um ano e meio. Sua dificuldade de adaptação era ampliada pelos problemas econômicos, as frequentes enfermidades de Lohan e falta de atenção de minha parte. Nunca pensei regressar, mas ver meus queridos chorando era torturante. Cicinha também falava que não se adaptaria à vida ministerial e era melhor evitar maiores frustrações no futuro.

Tudo começou a mudar em julho de 2008, enquanto viajávamos para Sorriso - Mato Grosso, para nossa primeira campanha de colportagem. O então colega de curso e hoje pastor Emerson Rodríguez nos levou para visitar o pastor do distrito de Cáceres e sua esposa. Ela conversou com Cicinha sobre seus próprios desafios na fase estudantil, dando oportunos conselhos. Disse que, da mesma forma, não queria trabalhar no ministério. Não queria ser esposa de pastor. Mas acabou mudando de ideia. Enquanto ela não queria, tudo dava errado, mas quando aceitou, as portas se abriram. Essa mensagem foi importante, mas não convenceu totalmente minha esposa.

Depois da campanha, voltamos ao campus para continuar os estudos. Enquanto pedia paciência a minha esposa, clamava a Deus por misericórdia. Prometia que as coisas iam melhorar enquanto orava por uma solução. Chegamos a um ponto crítico em que parecia que teríamos que voltar de qualquer modo, pelo bem da família. Cada dia eu ia pra aula com o coração apertado. Não era fácil concentrar-me nas matérias e realizar as tarefas.

Um dia, na Biblioteca Virtual, abri o coração a um colega, Arturo Betancourt. Ele orou comigo nesse momento, pedindo a intervenção de Deus. Sua oração foi atendida. ¡Deus realizou um milagre! Cicinha aceitou não somente ficar na Bolívia cinco anos, senão toda a vida no ministério. O processo começou com sua gravidez.

Decidimos ter um bebê. Quando Cicinha engravidou, não pôde permanecer na Bolívia, então decidimos regressar a Brasil. Isso foi muito importante em nossa experiência.

Chegando a Juazeiro do Norte, dividimos nosso tempo em preparar o nascimento do bebê e colportar para reunir recursos para voltar. Certo dia, ao caminhar pela Avenida Ailton Gomes, encontrei um grande amigo, o irmão Roberto. Ele disse-me com autoridade: “Irmão, não desista”. Essas palavras não saíram da minha mente durante os dias que se seguiriam de campanha e espera pelo presente do céu, nosso segundo filho.

O período de gravidez aconteceu com muito enjoo, mas sem riscos maiores. A campanha de colportagem foi uma benção. Nesse período, como família participamos de várias atividades missionárias.

A convite dos pastores distritais, Alexandre Araújo e Sidney Murteira apresentei um seminário sobre a Trindade e o Espírito Santo nas igrejas mais representativas do distrito, além de outros temas. Lohan pôde cantar em espanhol nas igrejas, impressionando o público. Ainda colaboramos na missão Calebe, divulgada pela Revista Adventista:

... Limitações físicas não impediram que Cicinha Diniz, grávida de 9 meses, e Damião Dário, paralítico, trabalhassem de modo a conduzir oito pessoas para a decisão de uma nova vida cristã. Juazeiro do Norte merece atenção também pela estratégia adotada pelos ‘calebes’. Para vencer o preconceito contra os evangélicos, eles iniciaram o programa com uma ação comunitária envolvendo corte de cabelo, apresentação de palhaços, exposição dos desbravadores, palestras sobre saúde, atendimento jurídico, curso de arte e de culinária e sopão comunitário. Chamaram tanto a atenção que a TV Verde Vale decidiu acompanhar o evento.[1]



A viagem foi boa porque ofereceu um descanso emocional para minha esposa que não estava acostumada a viver longe de seus familiares. Para Lohan foi importante porque melhorou de saúde. Inclusive engordou um pouco.

Temos uma dívida impagável com nossos familiares que cuidaram de nós durante aqueles meses; providenciando a maior parte dos gastos com o bebê para que o dinheiro da colportagem ficasse para o colégio. Sem nossas queridas famílias, nunca poderíamos ter voltado para a Bolívia e concluído os estudos.

No dia 05 de fevereiro de 2010 nos tornamos pais pela segunda vez. Landon nasceu forte e saudável com quase 4 quilos e meio. A colportagem também foi uma benção, graças ao apoio de Ancelmo Luna, ancião local que agendou as empresas.

Quando Landon completou um mês, voltamos à UAB, e minha esposa parecia outra pessoa, tornando-se mais interessada no ministério que eu mesmo. Minha família sempre foi meu braço direito em todas as atividades. Como família, focamos o ministério como prioridade pelo resto de nossas vidas.

Vendendo pão integral

Panzito, panzito, ocho bolivianos.” Assim gritava Lohan na Praça Simon Bolívar, em Quillacollo, cidade a 10 minutos da UAB. Várias pessoas compravam o produto por causa da simpatia do vendedor. Certo dia um cliente comprou um pacote de pão, pagando a minha esposa com uma nota diferente. Lohan disse-lhe: “Mamãe, essa nota aqui é diferente, parece falsa”. E ela respondeu: “Não, esse bilhete é verdadeiro”. E quando chegamos à padaria para prestar contas e disse que o bilhete era falso ela ficou muito triste e disse que Lohan tinha razão. Na Bolívia praticamente todos os estabelecimentos tem um anúncio: “toda nota falsa será perfurada e se avisará a polícia”, devido ao grande número de notas falsas que circulam no país.

Antes disso, eu havia vendido os produtos da CEAB, panificadora de um grupo de adventistas, no Trópico Boliviano, no Chapare. Fiz algumas viagens saindo no sábado à noite e começando o trabalho na madrugada na Vila Tunari. Era uma verdadeira aventura. Vendia em média uns 250 pacotes de pão por fim de domingo. As viagens eram muito perigosas, então decidi trabalhar com a família em Quillacollo. Vendemos pão todo o primeiro semestre para complementar o orçamento familiar. No terceiro semestre, minha esposa trabalhou no refeitório da universidade. Esse foi o período da vida em que mais comemos glúten. Provamos, ainda que pouquinho, a vida ou pelo menos a alimentação dos internos.

Turismo e Igreja Adventista
Nem tudo eram provas e dificuldades. Também desfrutamos muitas bênçãos em nossa formação. Fizemos até turismo. Com a família e individualmente visitamos muitos lugares que, de outro modo, nunca poderíamos conhecer. Conhecemos um pouco melhor a Igreja de Deus em muitas regiões do Brasil e exterior.
Entre os destinos turísticos visitamos a cidade das mangueiras (no Pará); a estátua do Padre Cícero (no Ceará); a praça dos três poderes (em Brasília); a cidade do Natal (no Mato Grosso do Sul) e parte da fauna e flora do Pantanal Mato-Grossense. Entre os pratos típicos, provamos o frango no tucupi e a maniçoba (no Pará); a tapioca de coco na palha da bananeira (em Rondônia); o baião de dois (no Ceará); a sopa paraguaia (no Mato Grosso do Sul); o doce de buriti (em Brasília), entre outros.
Viajamos bastante pelas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro Oeste. Entre outras características positivas, nas duas primeiras regiões a Igreja é vibrante e entusiasta. Embora não conte com muitos recursos financeiros, supera desafios incríveis para pregar o evangelho. Na região Centro Oeste e Sudeste a Igreja é muito organizada e planeja bem suas atividades. Além disso, estão focados no plano de discipulado e pequenos grupos.
Sem dúvida, São Paulo (onde estivemos 10 dias, em 2008) é um grande centro da Obra Adventista. É a Jerusalém Adventista na América do Sul. Além de abrigar a Casa Publicadora Brasileira, a Rede Novo Tempo de Comunicação e o Centro Universitário Adventista de São Paulo, possui sedes administrativas bem estruturadas e um grande volume de recursos, graças à fidelidade de seus membros, sendo palco de megaeventos da igreja. Nessa metrópole sul-americana, notei como nossa igreja é grande.
Maná no Brasil
Um dos lugares mais impressionantes que visitamos foi o Centro Cultural da Sociedade Criacionista Brasileira. Embora o vasto acervo criacionista no local nos chamou a atenção, o que realmente nos impactou foi ver com nossos olhos e ter em nossas mãos uma porção de maná. Quando o Dr. Ruy Vieira nos mostrou o pão dos anjos (Salmo 78:25) e nos fez sentir o cheiro, realmente comprovamos que tinha olor de mel (Êxodo 16:31).
O pastor Gérson Pires de Araújo visitou a cidade de Cassongue, região central de Angola, onde vive uma comunidade de 100 adventistas. Lá, pôde colher e provar o que os nativos chamam de “maná”, flocos brancos adocicados, que já serviram de alimento para a comunidade por alguns dias no início da década de 1940[2]. O ministro, que trouxe um bocado das partículas que caíram do céu para o Brasil, disse que os flocos são “colhidos” no chão. A historia remonta há várias décadas, quando os membros da comunidade ficaram alguns dias sem alimento por causa do excesso de chuvas e a escassez de alimentos na região. Os fiéis oraram para que Deus cuidasse deles, assim como Ele fizera com o povo de Israel no deserto. Os adventistas perceberam que a oração tinha sido respondida, quando a filha de cinco anos do casal de missionários que liderava a comunidade, observou os flocos no chão.[3]


O fenômeno nunca foi analisado cientificamente, mas continuou sendo por muitos anos objeto de gratidão da comunidade[4]. Mais recentemente, testes laboratoriais concluíram que “de acordo com os resultados obtidos pôde-se concluir que a amostra é adequada à alimentação, fornecendo nutrientes necessários na dieta humana.”[5]
Segurança máxima
Enquanto estávamos no Mato Grosso do Sul (fevereiro de 2012), visitamos o Paraguai, aproveitando os bons preços da cidade de Pedro Juan Caballero. Além dos preços e do idioma guarani falado pela maior parte da população, o que mais nos chamou a atenção foi o sistema de segurança nas lojas da cidade. Em cada uma há um segurança (geralmente corpulento) com uma metralhadora ou outra arma com disparos em série. Esses homens tem ordem para atirar, em caso de roubo. Eles quase não falam, estão tranquilos, prontos para proteger os clientes.
Da mesma forma, os anjos de Deus são nossos seguranças em todas as ocasiões, não apenas quando fazemos compras em um país estrangeiro, pois “um anjo da guarda é escolhido para cada seguidor de Cristo. ‘O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra’”[6] (Salmo 34:7). “Cada verdadeiro filho de Deus tem a cooperação dos seres celestiais. Exércitos invisíveis de luz e poder auxiliam os mansos e humildes que creem nas promessas de Deus e as invocam.”[7] “Ao trabalhar em favor das pessoas, temos como companheiros os anjos. Milhares de milhares e milhões de anjos estão aguardando a oportunidade de cooperar com os membros de nossas igrejas para comunicar a luz que Deus generosamente concedeu, a fim de que seja preparado um povo para a volta de Cristo.”[8]
Na Cordilheira dos Andes
Visitamos uma série de países que fazem parte da famosa Cordilheira dos Andes. O primeiro deles foi, logicamente, o mesmo onde está situado a sede do SALT onde fui estudar. A Bolívia é um país plurinacional com 32 etnias diferentes e o predomínio dos idiomas espanhol, quéchua e aimará. Devido a sua enorme variedade de climas, vegetação e geografia foi descrita por Alcides D’Orbigny como microcosmos do planeta e síntese do mundo. Outro fato curioso e pouco conhecido é que sua capital é Sucre, e não La Paz (sede de governo) como aparece nos livros de geografia.
Entre 2008 e 2013 conhecemos sete estados (Cochabamba, La Paz, Santa Cruz de la Sierra, Pando, Beni, Oruro e Potosí) dos nove bolivianos. Estivemos no monumento Cristo de la Concórdia (maior que o Cristo Redentor no Rio de Janeiro); no Tunari (há 5.050 metros de altitude) e passeamos pela cidade paleontológica de Toro Toro, palco de pegadas de dinossauros e outras evidências do Dilúvio Bíblico.[9] Entre os vários pratos típicos, provamos o chuño (batata desidratada) de La Paz, o majadito de Santa Cruz e o pique macho (versão vegetariano) de Cochabamba.
A Igreja Adventista na Bolívia é muito hospitaleira. Os almoços coletivos aphtapy (reunião em aimará) estão entre as atividades que fortalecem a amizade entre os membros. Os irmãos das regiões mais frias (como La Paz e Oruro) dedicam as madrugadas para evangelizar. A ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) é uma das mais estruturadas do mundo.[10] A União Boliviana também foi pioneira no desenvolvimento da rádio adventista para o território da Divisão, tendo atualmente 11 emissoras e um canal de televisão. Há três campos em Bolívia, e se planeja abrir a Missão Andina para um futuro próximo. Atualmente a Universidade Adventista de Bolívia é berço de muitos missionários que estão se destacando em diversos países sul-americanos. A Igreja tem cerca de 115 mil adventistas no país.
Também visitamos o Equador, no meio do mundo, sede das exóticas Ilhas Galápagos, com suas tartarugas gigantes e outras espécies raras. Nesse país desfrutei algumas iguarias feitas com bananas. É possível que o consumo de banana contribua para o bom humor desse povo, pois ela é considerada uma fruta antidepressiva.  Além disso, provei o famoso seviche, peixe cozido apenas com limão. Visitei, em Montecristi, “La ciudad del Faro”, museu construído em homenagem a um herói da independência do país e uma praia em Salinas, banhando-me pela primeira vez nas águas do Oceano Pacífico.
Durante a viagem por terra, cruzei boa parte do Perú, sede do famoso Império Inca, visitando o Lago Titicaca (o mais alto do mundo); o Majestoso Convento de São Francisco e o Museu da Inquisição em Lima, capital peruana, além de comer trucha, um dos pratos da culinária peruana, considerada uma das melhores do mundo e provar a Inka cola, a Coca Cola peruana.
A visita ao Museu do Congresso e da Inquisição me fez pensar no período de perseguição papal da Idade Média e na fé dos cristãos daqueles tempos. Durante a visita, enquanto o guia falava, não me chamavam atenção os documentos antigos relacionados com o Congresso Nacional. Meus olhos eram atraídos para os objetos de tortura, as celas e as representações daquele período negro da história mundial e Sul Americana.
Durante toda a Idade Média, o pior resultado da união da Igreja com o Estado foi a criação da Inquisição no século XIII pelo papado romano, cujo propósito era exterminar a todos os grupos religiosos que denunciavam a pompa e a corrupção imperial do papado, assim como seu abandono de certas verdades bíblicas fundamentais. Na história da humanidade não houve tribunal mais cruel e sanguinário do que o Santo Ofício.[11]
O Tribunal de Lima foi instituído em 1570 submisso a Suprema Inquisição da Espanha. Embora os dados não sejam exatos, durante os 250 anos de existência foram queimadas cerca de 40 pessoas; mais de doze morreram na prisão, embora fosse comum a morte dos torturados, “apesar do cuidado que exerciam os inquisidores para fazer sofrer a suas vítimas até o limite de suas capacidades, sem deixá-las morrer”. Alguns creem que cerca de 3.000 pessoas consideradas hereges pela igreja romana foram processados por esse tribunal.[12]
Essa visita me fez pensar na fé dos mártires e de como sofreram por amor ao Salvador. Em um momento da visita, entrei numa das celas do subterrâneo pensando em como se sentiam aqueles pobres vítimas. Pedi a Deus, naquela ocasião, que me concedesse a mesma fé daqueles heróis que amavam a verdade mais que suas próprias vidas.
O Peru tem quase 500 mil adventistas, tendo sido pioneiro dos pequenos grupos e abriga a Universidade Peruana Unión, com três campi. É uma das cinco instituições adventistas no mundo que oferece o curso de medicina.
Embora o número de adventistas no Equador seja relativamente pequeno (uns 15 mil) a igreja está crescendo bastante nos últimos anos. A União Equatoriana se divide em duas Missões (Sul e Norte) e possui um Instituto Tecnológico Superior, que planeja ser universidade no futuro. No Equador, algumas igrejas realizam um culto de oração nas segundas feiras à noite. É um excelente campo para colportar, pois, como me disse o pastor Manuel Vinueza, diretor de Publicações na Missão do Sul, essa região “é a terra que mana leite e petróleo”.
      O povo chileno toma muito “té” (chá), sendo o evento social mais importante entre as famílias e amigos. Além disso, tem um espanhol apressado, ou “al tiro” (ao instante, rapidamente), expressão popular aí.
Os chilenos em geral, são bastante educados e cultos. No trânsito, para citar um exemplo, param seus veículos quando colocamos o pé no asfalto, acenando com a mão para que passemos com tranquilidade. Também são solícitos em fornecer informação e recebem muito bem aos brasileiros. O Chile é um país bem organizado, com um sistema de leis; educação, segurança e saúde, bem desenvolvidos. Além disso, conta com uma das melhores polícias do mundo. Por ser uma região sísmica, conscientiza a população e realiza periodicamente simulados para grandes catástrofes. Em Arica conheci as múmias mais antigas do mundo; e o Cerro de Arica, onde há um museu que conta parte da Guerra do Pacífico.
A Igreja Adventista no Chile, a semelhança do país, é bem organizada e está dividida em cinco campos com cerca de 100 mil membros. No Sul do país, Chillán, está localizada a Universidade Adventista de Chile. A união Chilena tem uma rede de escolas e colégios geralmente com subvenções do Governo, com cerca de 25 mil alunos, sendo a segunda do país, depois dos colégios salesianos.
Orações respondidas
Em fevereiro de 2012, Cicinha e Lohan assistiram uma semana de oração na Igreja Cravo e Canela, em Brasília. O pregador disse que durante aquela semana os irmãos poderiam pedir a Deus que falasse com eles. Lohan pediu durante toda a semana para Deus falar com ele. Então, depois que passou a semana, ficou muito triste. E disse a Deus: “Senhor, se não é a Tua vontade que eu escute Tua voz, tudo bem”. Um dia depois disso, foi acordado pelo canto de um pássaro. “Deus escutou minha oração”, Lohan disse. Conversou com Deus em oração, agradecendo a Ele por ter-lhe acordado essa hora. Depois voltou a dormir.
Durante os cinco anos em que estivemos na Bolívia, Lohan pediu a Deus para visitar o Tunari, pois seu sonho era conhecer a neve, fazer bonecos com esses flocos e brincar com a mesma. Entretanto, o fim do curso estava chegando e isso ainda não havia acontecido. Em uma ocasião em que agendaram com uma truffi (vam que transporta passageiros) para ir, o motorista desistiu. Por isso, Lohan pensou que nunca realizaria seu sonho. Apesar disso, continuou pedindo a Deus para conhecer a neve. Um dia Cicinha o acordou, dizendo: “Nós iremos ao Tunari amanhã”. Ele ficou muito feliz. No dia seguinte, acordou cedo, e se arrumou. O motorista demorou muito. Lohan pensou que ele também havia desistido da viagem. Finalmente ele chegou e levou o Lohan, a Cicinha e outras amigas até a montanha.
Na viagem o grupo ficou preocupado porque o caminho era estreito, e em certa parte quase caíram no abismo. Em um trecho, outra truffi fez uma ultrapassagem e o pneu quase entrou no abismo. O grupo pensou que ia morrer. Pensaram que o carro ia escorregar e cair no precipício. Mas, graças a Deus, nada disso aconteceu. Os dois carros passaram em segurança. Então, o grupo ficou alegre e continuou a viagem. Chegando lá em cima, Lohan ficou admirado com a neve. Quando pegou um pouco em suas mãos notou que ela era muito fria; parecia que ia congelar as mãos. Foi uma manhã divertida para ele.
Pregador Juvenil
O pregador daquela manhã, na Capela do Colégio Adventista de Cochabamba, onde estava reunida uma Igreja formada por universitários de medicina, tinha apenas oito anos de idade. Ele começou o sermão fazendo várias perguntas, usando um PowerPoint:
Vamos ver se você pode adivinhar o nome de um dos menores desenhistas de Deus. É quase cego, geralmente é do tamanho de uma uva passa; vive em palácios e estábulos; existem 30.000 variedades; seu trabalho é tão maravilhoso como uma peça bordada; ouve muito bem e sente as coisas; algumas vezes é bonita; outras vezes é mortal; as meninas pensam que é a coisa mais feia que caminha e às vezes gritam quando veem; os meninos geralmente o ignoram; alguns voam até 4 a 5 quilômetros sobre a terra; vivem no mar; vivem nas cavernas; nos desertos e vivem também nas árvores. Alguns parecem folhas mortas, raminhos, ou pétalas de flores. Algumas destas criaturas podem matar pequenos pássaros, ratos e peixes. Que criatura é esta?
Como o público não sabia ele revelou tratar-se de uma aranha! E leu Provérbios 30:24 “Há quatro coisas mui pequenas na terra que, porém, são mais sábias que os sábios” e depois o verso 28: “A aranha se pendura com as mãos, e está nos palácios dos reis (ACF).” O pregador compartilhou três lições importantes:
1a Lição - A aranha, embora seja pequenininha, é importante (Mateus 18:1-4).
2a Lição - A aranha, embora seja pequenininha, faz uma obra importante (João 6:9).
3a Lição - A aranha, embora seja pequenininha, é sábia (Lucas 2:46,47). 
Depois de comentar esses pontos, terminou o sermão dizendo: Seja como uma pequena aranha, e muitas pessoas vão glorificar a Jesus por sua causa! (Mat. 5:14)
Junto com os cumprimentos dos membros da Igreja, Lohan recebeu o convite para apresentar um quadro infantil do programa Comunicando Jesus, na Rádio Novo Tempo local. Os líderes da CAJU (Comunidade Adventista de Jovens Universitários) perceberam que ele era bom em contar histórias. Lohan apresentou programas ao vivo e gravou vários episódios durante o segundo semestre de 2011.
Depois dessa primeira experiência, Lohan foi convidado para pregar[13] na Igreja do Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande, repetindo a mesma mensagem.
Durante nosso evangelismo em Brasília, ele pregou na Igreja Adventista 323, em Samambaia Sul, no dia da Criança Adventista. Aí falou sobre crianças missionárias.
Uma dessas crianças era uma menina que ajudou a Naamã, o comandante sírio (2a Reis 5). Ele tinha lepra. Entre outras coisas Lohan disse ao público: Ela podia dizer: “que ele morra, porque me separou de meu povo.” Mas não pensou assim, senão que o ajudou encaminhando-o ao profeta de Deus, que o curou, porque estava bem espiritualmente. Pais, deem a seus filhos bons presentes, mas principalmente uma boa formação espiritual. Outra criança é o menino que compartilhou seu lanche com Jesus (João 6:8-11). Às vezes pensamos que a comida nos faltará, mas não. Jesus quer dar-nos mais. Minha professora nos contou que um grupo de pessoas estava ajudando uma comunidade e seu filho lhe disse: Porque não doamos também? Porque vai nos faltar, disse ela. Mas o filho chorou e ela se encheu de compaixão e doou. Dois meses depois um parente chegou e trouxe uma cesta grande com comida e roupa. Amém?  
O maior desafio veio em seguida, quando foi convidado para apresentar a mensagem na Igreja da Universidade Adventista de Bolívia. A capacidade dessa igreja é de 1.000 pessoas. Naquele sábado havia pelo menos a metade. Era o dia mundial dos aventureiros. Ele pregou usando várias lanternas e potes de sal, sobre o texto de São Mateus 5:13-14. Embora nós, os pais estivéssemos nervosos, Lohan parecia tranquilo e pregou um lindo sermão, comovendo toda a Comunidade Universitária, incluindo as autoridades acadêmicas e os professores de teologia. Em outubro de 2013 Lohan representou o Club de Aventureiros Antorchas UAB, obtendo o segundo lugar da Missão Boliviana Central como pregador juvenil.
Cochabamba com Esperança
No dia 24 de agosto de 2013, Cochabamba se tornou uma cidade com esperança. A metrópole boliviana de mais de um milhão de habitantes recebeu em um só dia 400 mil livros de A Grande Esperança e 400 mil folders contra a violência as crianças, as mulheres e aos anciãos. O projeto Quebrando o silêncio: Cochabamba com esperança foi muito bem recebido pela comunidade, que elogiou a inciativa.
Para impactar a sociedade, a Missão Boliviana Central coordenou na semana prévia à distribuição do livro, várias atividades como visita aos meios de comunicação e autoridades municipais, doação de sangue, higiene bucal e feira vegetariana, limpeza de praças, entre outros.
No dia 24 todas as igrejas estavam preparadas e seus membros uniformizados com a camisa do projeto. Com mapas em mãos, os grupos saíram e em poucas horas inundaram a cidade com o livro. Um grupo de membros de outras cidades veio especialmente participar da distribuição. Os estudantes de teologia, anciãos e pastores distritais coordenaram os grupos, liderando a entrega. Aquele sábado acompanhamos a Igreja Central de Cochabamba, onde fazíamos prática pastoral.
Lohan e seu parceiro de entrega preocuparam-se porque encontraram outras pessoas em seu território. Dirigiram-se a outro lugar, mas também havia gente ali. Foram para um terceiro lugar, onde falaram que ninguém havia passado, e então começaram a presentear os livros aos vizinhos da região. Quando terminaram a quadra, ainda tinham uma bolsa cheia, com 30 livros. Além disso, não sabiam onde estavam nem podiam localizar os demais colegas. Nesse momento, o colega do Lohan disse: “Ainda temos 30 livros e ninguém quer receber”. Então Lohan respondeu: “Vamos perguntar naquela universidade, porque na igreja falaram que nos reuníssemos lá”. Foram distribuir na Universidade Maior de San Simon e aí encontraram todo o pessoal. Todos entregaram o que havia sobrado.
À tarde se realizou a caminhada da esperança pelas ruas principais da cidade. Quatro grupos se deslocaram de pontos estratégicos, com os temas: meio ambiente, incentivo à leitura, cuidado da família, saúde e temperança. Eles dirigiram-se juntos ao Estádio Municipal Félix Capriles, onde foram celebrados os 150 anos da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Na cerimônia estiveram presentes várias autoridades municipais e eclesiásticas, além do pastor Erton Köhler, presidente da Divisão Sul americana. Apesar da chuva, houve muita participação.
Um dos momentos mais emocionantes do programa foi à entrada do cacique Francisco Tancara, neto de um dos pioneiros do Adventismo na Bolívia. Os passos lentos do cacique Tancara recordam os inícios vagarosos da obra de Deus na Bolívia[14]. Mas, ao contemplar os mais de oito mil adventistas nas arquibancadas do Estádio, ele pôde ver que a obra avançou e, pela graça de Deus, logo será concluída. 
Ribamar Diniz, sua esposa Cícera Diniz e seus filhos Lohan e Landon acabam de voltar de Cochabamba (Bolívia), onde ele concluiu sua preparação ministerial no Seminário Adventista Latino Americano de Teologia. Essa fase serviu como Secretário do Cetro White (2010-2012); vice-presidente da Sociedade Estudantil Honorífica de Investigação Teológica e editor da Revista Doxa. 
 Referências:

[1]Revista Adventista, março de 2010, p. 34.[2] Mais detalhes em Revista Adventista, novembro de 1948, pp.26-27.[3]Revista Adventista, (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira),[4]Idem.[5]“Análise e identificação molecular de amostra desconhecida de Maná.” Material fornecido pela Sociedade Criacionista Brasileira.  [6] White, O Grande conflito, p 220.[7] White, Atos dos Apóstolos, p. 154.[8]White, Testemunhos seletos, vol. 3, pp. 347 e 348.[9] Desde 2008, a Faculdade de Teologia da UAB, visita o Parque Nacional Toro Toro para completar a matéria Ciência e Bíblia. Eu viajei em 2010.[10]Em uma declaração na Revista Adventista, o Pr. Erton Köhler considerou a ADRA Bolívia a sexta mais estrutura do mundo. Ver também www.adra.org.bo.
[11]Alberto Treiyer, “La inquisicion de Lima y las corrientes libertadoras de America, Revista Theologika, Vol. XVI, N 2, 2001 (Lima, Perú: Editorial Imprenta Unión), pp. 226-227.[12]Idem, p. 227.[13]Lohan entregou seu primeiro folheto com apenas 2,5 anos, a seu médico. Com 3,5 anos Landon já participou de uma distribuição de 400 mil livros a Grande Esperança em Cochabamba.[14] Ver Samuel Antonio Chávez, Breve historia de las raices del Adventismo em Bolivia 1897-1931 (Vinto, Cochabamba: Imprenta Nuevo Tiempo, 2013).


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