Deus me chamou para a
obra da Colportagem em outubro de 1996, apenas três meses após meu batismo na
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Tudo ocorreu na cidade nordestina de Juazeiro
do Norte, no Sertão cearense.
Eu havia sido batizado há
pouco tempo, enão tinha emprego. Por isso, Aldemy Freitas, meu instrutor
bíblico, me encaminhou a essa obra. Ele havia, em sua casa, feito uma
apresentação com o livro Vida de Jesus,
mostrando como se colportava. Fomos juntos até a Rua São Benedito, no Bairro
Franciscanos, onde estavam morando o grupo de colportores.
O líder de equipe era
José Raimundo, quem nos recebeu muito bem. Ele me incentivou, entregou-me o
prospecto e algumas revistas Paz na
Tempestade (creio que foram dez) e disse o valor do material. Eu decidi,
naquele momento, que não ficaria devendo a Obra. Depois de alguns dias de
trabalho, vendi todas as revistas, pagando tanto elas como o prospecto.
Em um dos primeiros dias
de trabalho, eu saí para fazer visitas com José Belo (Beto), um colportor que
sempre admirei pela paciência e consagração. Durante vários anos trabalhando ao
lado dele, nunca o vi com raiva de ninguém. Com ele dei minha primeira oferta.
Recordo que o prospecto tremia em minhas mãos.
Outro dia saí com José
Walter, que viria a ser o líder da equipe. Com ele vendi meu primeiro livro, Saúde: novo estilo de vida, ao Senhor
José, na Rua Padre Medeiros, no bairro Juvêncio Santana.
Depois desse início,
passei a ser um colportor com certo destaque na equipe, figurando na lista dos
três com melhores resultados em vendas. Como eu estudava, trabalhava apenas meio
período. Trabalhei mais de um ano como estudante, e depois de concluir o Ensino
Médio, passei a acompanhar a equipe Cariri nas viagens.
Trabalhei como
colportor efetivo por oito anos, na Missão Costa Norte, nos estados do Ceará
(Juazeiro do Norte, Crato, Caririaçú, Nova Russas, Crateús, Orós, Iguatú);
Paraíba (Cajazeiras) e Piauí (Teresina). Também liderei um projeto especial,
chamado Viva Melhor, com vários
colportores novatos. Creio que o período foi de uns seis meses. Nessa fase eu
viajava a Fortaleza, capital do Ceará, a cada dois meses para fazer os acertos
da equipe. Lembro que, nas primeiras semanas de trabalho, eu saia com os
colportores e fazia vendas para eles, como incentivo. A equipe foi se diluindo,
pouco a pouco, e percebi que meu forte não era liderar equipes.
Usei distintos métodos
para espalhar a literatura adventista: o método por excelência (casa em casa);
temas em Igrejas Evangélicas e ofertas coletivas nas Escolas. Às vezes,
abordava as pessoas nas ruas ou praças, e lhes vendia livros. Cheguei a vender
vários livros mesmo sem o prospecto, somente com as palavras e a misericórdia
divina. Lembro que, quando foi lançado o livro Passaporte para a Vida, de Alejandro Bullón, vendi vários
exemplares antes da chegada do prospecto e dos livros.
Sempre fui um inovador.
Enquanto a maioria preferia trabalhar com obras sobre saúde, eu oferecia livros
religiosos. Os meus preferidos eram Vida
de Jesus, O Grande Conflito, Jesus: o melhor presente, Passaporte para a vida eO
Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse, do qual distribui mais de
500 exemplares. Enquanto alguns colportores, no afam de economizar, se
hospedavam em igrejas, nossa equipe sempre alugava uma casa ou apartamento. Para
ampliar minhas vendas, sempre fui muito observador e lia frequentemente as
notícias. Adaptava minha oferta de acordo com o cliente ou situação.
Todas as campanhas
foram inesquecíveis. Mas uma foi muito especial, pelo desafio proposto aos
colportores. Foi uma megacampanha na cidade de Teresina, capital do Piauí. O alvo
era distribuir 5.000 exemplares deO
Terceiro Milênio, no final de 1999. As três equipes do campo foram
convidadas. No total, 60 colportores viajaram a capital para o desafio. Foram
veiculadas propagandas na rádio, televisão e outdoors. Usávamos uma camiseta
padronizada, que dizia “O terceiro milênio chegou”.
Naquela época, eram
muito esperados os cursos de colportagem, envolvendo os colportores de todo o
campo. Geralmente eram realizados em Fortaleza e contavam com a presença de
convidados especiais da União Nordeste, da Divisão Sul-Americana e da Casa
Publicadora Brasileira. O mais impactante de todos foi o Concílio de
Colportores da União Nordeste, com 520 participantes, realizado no ENA, (EducandárioNordestinoAdventista)
quando esse internato ainda estava ativo.
Trabalhando de cada em
casa, Deus me abençoou ricamente. Graças à colportagem, aprendi a pregar e
adquiri um gosto especial por nossa literatura. Além disso, passei a ter uma
paixão por nossa história, mensagem e missão, especialmente após a leitura do
livro Nossa Herança. Colportando
conheciminha esposa. Casamos em maio de 1999, com a presença de vários colegas
de prospecto. Devido às bênçãos materiais da obra de publicações fui o primeiro
de meus irmãos a comprar uma casa (ainda solteiro) e uma moto.
Graças acolportagem,
concluí o bacharelato em teologia pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada
(2004) e publiquei o livro O Alicerce da
Ação: textos e frases para reflexão (2002). Também conheci muitos lugares e
gente interessante. A maior alegria, porem, foi ver algumas pessoas batizadas,
graças a essa Obra especial.
Ribamar Diniz foi
colportor efetivo entre 1996-2004 e se gradou no Seminário Adventista
Latino-americano de Teologia colportando nas férias, no Brasil, Bolívia, Equador
e Chile.