sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sesquicentenário da Igreja Adventista do Sétimo Dia

A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) nasceu como organização em maio de 1863, nos Estados Unidos. Por essa razão, no mês passado se comemorou, a nível mundial, seu 1500aniversário. Durante esse primeiro (e esperamos único) sesquicentenário, a IASD alcançou o mundo com uma mensagem poderosa, resumida em Apocalipse 14:6-12. De um grupo inicial de 3.500 membros, hoje conta com mais de 17 milhões, fora os simpatizantes. A Igreja também opera uma enorme rede de instituições (nas áreas de saúde, comunicação, nutrição, publicações, educativa, hospitalar, entre outras).

Bênçãos divinas

Somente as editoras adventistas, que publicam literatura de excelente qualidade, somam 58, sendo a Casa PublicadoraBrasileira a maior de todas em distribuição de material. No Brasil também se encontra a Rede de Comunicação Novo Tempo, com um canal de televisão, emissoras de rádios e serviços por internet. Somente a TV Novo Tempo - canal da esperança está presente em 650 cidades em canal aberto. Cidades como São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza, Campo Grande, São Luiz e vários outros grandes centros recebem uma programação que fortalece a família e os bons valores.       

Além do crescimento numérico da Igreja, podemos encontrar, em mais de 200 países, adventistas do sétimo dia que demostram, em palavras e atos, que vivem o evangelho. São pessoas comprometidas com os princípios bíblicos, com a família e com a comunidade. Embora seu maior anelo seja ver a Cristo retornando em glória (Tito 2:13; Isaias 25:9), estão preocupados com o bem-estar da sociedade, colaborando como bons cidadãos nesse sentido. Repetindo o exemplo de Jesus Cristo, buscam aliviar o sofrimento dos demais, através de iniciativas pessoais e projetos denominacionais.
Se comparada a outras igrejas protestantes tradicionais, a IASD é relativamente nova. 

Nesse sentido, é bom lembrar que “juventude não é um período da vida... ninguém fica velho por ter vivido um certo número de anos. Só se envelhece quando se abandonam os ideais.”[1] A igreja não pode esquecer que, para permanecer jovem e com vigor, deve manter sua teologia e práxis ancoradas nas Escrituras.

Durante o mês de maio, a família adventista mundial celebrou, em diferentes lugares e em distintos idiomas, essa data especial para o povo da esperança. Deus foi louvado porque, durante nossa jornada, reconhecemos que tudo que é, representa e possui a IASD é fruto das bênçãos divinas. Da mesma maneira, os adventistas reafirmaram seu compromisso com a missão de pregar o evangelho a cada pessoa do planeta (Apocalipse 10:11).

Um pouco de historia

Atualmente a “Igreja de Deus na Terra” é formada por muitas línguas e nacionalidades, muitos usos e costumes, “bem como diferentes níveis sociais, culturais e econômicos.”[2] Os mais de 17 milhões de adventistas estão presentes em 2008 países, constituindo “ uma igreja multicultural que congrega pessoas das mais variadas etnias. Essa diversidade de aparências e de culturas se acha unificada em uma mesma esperança-a segunda vinda de Cristo em glória e majestade.”[3]

Quem lê essas palavras não imagina o humilde início. Tudo começou com uma pequenina igreja em um único país, formada por algumas pessoas que falavam o mesmo idioma, porém mantinham a mesma esperança em seus corações.

O fim do século 18 e o início do 19 viram um reavivamento mundial de interesse nos ensinos sobre a segunda vinda de Cristo. “Muitos intérpretes protestantes ficaram convencidos, mediante estudo das profecias bíblicas, de que Cristo voltaria provavelmente ao redor da década de 1840”. O batista Guilherme Miller, de Low Hampton, Nova Iorque,[4] fundador e maior expoente do Adventismo nos EUA[5] “começou a pregar suas idéias em 1831” e teve a adesão de vários líderes evangélicos, transformando “o Milerismo em um dos movimentos religiosos mais influentes na América do Norte daquela época.”[6]

A base do Adventismo era Daniel 8:14: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o Santuário será purificado”. Como um dia profético equivale a um ano literal (Números 14:34; Ezequiel 4:5, 6) e o período começa no ano do decreto da reconstrução de Jerusalém (Daniel 9:25/457 a.C.) descobriu-se que se estenderia a 1844 quando o Santuário, que se acreditava ser a Terra seria purificado pelo fogo da segunda vinda de Cristo.[7]

Como Jesus não veio, “o grande desapontamento” dividiu o movimento em várias direções. Após estudo profundo das Escrituras, um pequeno grupo conclui “que o término das 2.300 tardes e manhãs apontava não para a segunda vinda de Cristo, mas para o início de uma nova fase no sacerdócio de Cristo no santuário celestial (Daniel 7:9-14; Apocalipse 11:14) bem como para o começo da proclamação das três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12”[8].

Surgia com um grupinho de crentes oriundos do movimento milerita (liderados pelo casal Tiago e Ellen White e José Bates) o “movimento adventista sabatista” que, em 1860 adotou o nome “Igreja Adventista do Sétimo Dia” e em 1863 organizou-se através da Associação Geral para levar o “evangelho eterno a cada nação, e tribo e língua e povo” (Apocalipse 14:6). Como escreveu Victor Casali, “quem levou a causa da segunda vinda a seu clímax, foi Guilherme Miller. E a Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu de seu movimento de extraordinário alcance.”[9]     

Após espalhar-se pelos EUA e América do Norte a mensagem adventista, até o final do século XIX, alcançou os continentes europeu, australiano, africano e asiático[10]. Nesse mesmo período chegou ao Brasil, onde temos a segunda maior população adventista mundial (a primeira está na Índia).

Que é a Igreja?  

Apesar das pressões em torno a sua identidade, a IASD segue sendo relevante para o Cristianismo moderno. Essa é a conclusão a que chegam dois conceituados eruditos adventistas. Para o teólogo Alberto R. Timm ela é “um movimento profético comprometido com a exaltação da pessoa e obra de Jesus Cristo e com o processo de restauração final dos ensinos bíblicos.”[11]

O livro do Apocalipse corrobora essa afirmação, quando declara que o Remanescente fiel do tempo do fim guardaria “os mandamentos de Deus” e teria “a fé de Jesus” (Apocalipse 12:17). A igreja tem apresentado Jesus às multidões que anelam um Salvador, restaurando também seus principais ensinos a Cristandade. Como a fênix mitológica, ressurgiu após o grande desapontamento, e das cinzas de uma amarga decepção, restaurou a verdade jogada por terra pelas tradições humanas, oferecendo ao mundo a verdade “tal como ela é em Jesus” (Efésios 4:21). 

Para o editor e escritor Clifford Goldstein “a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a igreja remanescente da profecia bíblica” e nossa mensagem é a verdade presente. Ele considera a IASD o “movimento mais importante desde a Reforma Protestante.”[12]
A IASD, a despeito de sua estrutura organizacional, é melhor definida como um movimento. Embora siga o princípio de “ordem e decência” se vê como o anjo que voa rapidamente pelo meio do céu, tendo o evangelho eterno para pregar aos moradores da terra (Ver Apocalipse 14:6). Assim como os heróis da Reforma, os membros da igreja têm, com rapidez, espalhado a mensagem, pois “a Igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir e sua missão é levar o evangelho ao mundo.”[13]

Conclusão

Embora não sejam exclusivistas com respeito à salvação, os adventistas creem baseados em evidências bíblicas, ser o Remanescente fiel na atualidade, “a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (I Timóteo 3:15). 

Apesar de já ter 150 anos, a IASD não perdeu a vitalidade. Pelo contrário, à medida que se aproxima a volta de Jesus, ela parece mais saudável, mais forte e disposta a testemunhar desse grande acontecimento. Porque sabe que “estamos em direção ao Lar. Um pouco mais e a luta findará! Possamos nós, mesmo em meio aos conflitos, manter a visão das coisas jamais vistas - do momento em que o mundo for revestido da luz celestial, quando os anos transcorrerão repletos de felicidade, quando as Estrelas da alva juntas cantarão e os filhos de Deus regozijarão com Ele. No eterno lar, os redimidos poderão viver para sempre[14], pois ali “não haverá mais pecado nem morte.” Esquecendo-nos das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão adiante prossigamos “para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).


Ribamar Diniz
Bacharel em Teologia, Diplomado em Investigação Científica e Concluinte do Teológico no Seminário Latino-americano de Teologia (sede Bolívia).


Referências:

[1] S. Julio Schwantes, Colunas do caráter (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1980), pág. 87.
[2] Rubens Lessa, Revista adventista, agosto de 2000 (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira), pág.2.
[3] Idem, pág. 29.
[4] Revista Adventista, junho de 2002, pág.8.
[5] George Night, Uma Igreja Mundial (Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, São Paulo, 2000), págs. 9-24.
[6] Revista Adventista, junho de 2002, pág.8. Segundo Victor Casali, 300 ministros se uniram a Miller. Chegaram a ter auditórios de 15.000 pessoas. Editaram umas 50 revistas diferentes, com uma tiragem total de 5.000.000 em 1844. Mais de 50.000 pessoas aceitaram a mensagem da volta de Jesus. Revista adventista, agosto de 1994 (Tatuí: São Paulo, 1994), pág.8. Já Alberto Timm afirma terem sido 200 ministros ordenados e aproximadamente 2.000 pregadores voluntários, chegando o adventismo a ter 50 mil e 100 mil adeptos formais, além de um milhão ou mais de espectadores cépticos. Revista Adventista, junho de 2002, pág. 9.
[7] Para mais detalhes veja Ellen G. White, O Grande Conflito, capitulo 23.
[8] Revista Adventista, junho de 2002, pág. 8,9. Na manhã de 23 de outubro, Hirão Édson, ao cruzar um campo de trigo compreendeu que, naquele ano Cristo não retornaria a terra, mas passava do lugar santo para o santíssimo do santuário celestial e fazia surgir um movimento para profetizar “a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.”(Apocalipse 10:11).
[9] Victor Casali, Revista adventista, agosto de 1994, pág.8.
[10] Departamento de Educação da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Historia de nossa igreja, 1a ed. (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, [s.n]), capítulos 39-48.
[11] Alberto R. Timm (Ph.D. pela Andrews University) atualmente é um dos vice-diretores do Patrimônio Literário de Ellen G. White. Citado em Michelson Borges, A Chegada do Adventismo ao Brasil, seção de Depoimentos.
[12] Clifford Goldstein, 1844, Uma Explicação Simples das Principais Profecias de Daniel. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP, quarta edição, 2001, pág.7, 11.
[13] Ellen White, Atos dos apóstolos, 09.
[14] Ellen White autografava esta dedicatória em cada livro que cedia.

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