quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Porque Jesus não voltou em 21 de dezembro?


Onde você estava no último dia 22? Enquanto muitos estavam apreensivos, eu estava tranquilo, pregando um sermão intitulado: “O mundo vai acabar em 2012?”, na Igreja Adventista del Lago I, em Brasília. O objetivo desse sermão era mostrar porque Jesus não voltou no dia 21 de dezembro e como preparar-nos para Seu advento. Esse artigo é uma adaptação daquele sermão. Preguei esse tema porque, com base a uma suposta profecia maia, muitos esperaram o fim do mundo para aquela data.

Como já ocorreu em datas anteriores (sendo 2000 a mais famosa delas), o assunto atraiu a atenção do mundo. Após a data, podemos esperar novos prognósticos dos místicos e adeptos da Nova Era, além de um mundo mais cético com relação à volta de Jesus (Veja 2 Pedro 3:3-4).

Curiosidade antiga

A curiosidade em torno da data do fim do mundo é antiga. Nos tempos do Novo Testamento, tanto os apóstolos de Cristo, quanto a Igreja Cristã Primitiva queriam saber em que dia o Senhor retornaria. Ainda durante o seu ministério, Jesus foi alvo da seguinte pergunta, feita por seus discípulos: “Quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século?” (Mateus 24:3).

Em meio a várias orientações sobre o assunto, Cristo declarou enfaticamente: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mateus 24:36). Mesmo após a ressurreição de Cristo, os seus apóstolos queriam saber se este era “o tempo em que restaures o reino a Israel?” Dessa vez, a resposta foi mais dura, pois Cristo “respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade”.

Vários anos depois, a curiosidade continuava presente na vida da igreja, pois alguns criam que o “Dia do Senhor” já havia chegado. Paulo explicou aos cristãos de Tessalônica que esse evento não aconteceria antes do cumprimento de algumas profecias futuras (2 Tessalonicenses 2:1-5).

Nas três ocasiões acima, a Bíblia deixa claro que a data da volta de Jesus e consequentemente do fim do mundo é desconhecida. Esse é um segredo que o próprio Deus reserva para Si, por várias razões. Para George Knight, “Cristo claramente ensinou que aqueles que aguardam Sua vinda devem colocar a ênfase em ser servos fiéis... isso é motivo de frustação para alguns de nós, pois estamos mais preocupados com o tempo do advento do que em sermos fiéis. Jesus, porém, deseja que desviemos nossa atenção dessa obsessão e vivamos cada dia de tal maneira que estejamos prontos quando Ele chegar” (A Visão Apocalíptica e a Neutralização do Adventista, 103). Realmente, Cristo não voltou no dia esperado, pois Ele deixou claro que voltará quando não o estiverem esperando (Marcos   13:35-37).  

Apesar disso, muitos teimam em querer marcar o dia da volta de Jesus. Alguns de forma direta e outros indiretamente, usando cálculos complicados e artificiais para enganar os mais desavisados. Devemos evitar toda e qualquer especulação em torno do assunto da parousia de Cristo, pois a marcação de datas causa muito sensacionalismo, sem, contudo preparar-nos para aquele dia especial. No passado recente, várias especulações surgiram em torno ao assunto.

Uma das especulações mais famosas esteve relacionada à carta Apostólica Dies Domini, lançada pelo Papa João Paulo II em 1998. Essa carta, nessa época, causou um alvoroço em muitos arraiais adventistas. Alguns consideraram “o documento papal como a predita lei dominical”. Além disso, “a iminência do Terceiro Milênio, os preparativos para o ‘Grande Jubileu’ católico do ano 2000, a publicação dessa carta apostólica e o alegado término dos ‘6000 anos’” pareceram revestir aqueles “dias de uma solenidade sem precedentes.” Naquela ocasião, na mente de muitas pessoas (mesmo alguns adventistas!), ecoava incessantemente o dito popular “até mil irás, dois mil não passarás”. (Alberto R. Timm, Revista Adventista, janeiro de 1999, 38). Naquela ocasião, e até hoje, muitos alegaram que era hora de fugir das cidades, quando sabemos que “o tempo específico para nos retirarmos, como um povo, das cidades é quando a lei dominical for efetivamente promulgada e implementada. (Ver Eventos finais, cap. 8; Preparação para a Crise final, cap. 6), (Idem). Com respeito a toda suposta marcação de datas para a volta de Cristo e itens relacionados, devemos reconhecer que não sabemos “quando será o tempo”(Marcos 13:33).

Porque tantas pessoas dão crédito a esse dito de presságios alarmistas? A resposta é simples. Eles dão ouvidos a fontes não bíblicas. Segundo a Palavra de Deus, nos últimos dias da história surgiriam falsos mestres, “homens perversos e impostores” enganando e sendo enganados (2 Timóteo 3:1, 13). “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Timóteo 4:3-4). Nossa fonte de informação escatológica deveria ser a Palavra de Deus, não a opinião infundada de falsos mestres.

Em nossa preparação e pregação, devemos demonstrar urgência, mas não alarmismo. O que fazer para estar prontos para a volta de Jesus?

Preparo para a volta de Jesus

Para George Knight, duas palavras importantes para todo aquele que espera a volta de Cristo são “vigilância e prontidão” (A Visão Apocalíptica e a Neutralização do Adventismo, 94). Creio que algumas atitudes são necessárias, a fim de preparar-nos para o retorno de Cristo. 

Em primeiro lugar, devemos estar atentos aos sinais anunciados pelo próprio Senhor (Marcos 13:5-8). Esses sinais indicam a proximidade desse acontecimento. Em segundo lugar, precisamos atender a orientação dada aos primeiros discípulos, a mais de 2000 anos. Ao invés de declarar o dia de seu retorno, Jesus lhes deu uma promessa especial para eles cumprirem uma missão importante. “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8). Deveríamos fazer o mesmo, buscando o poder do Espírito Santo, para pregarmos o evangelho a todas as nações, pois, quando essa tarefa estiver concluída, podemos estar seguros de que “virá o fim” (Mateus 24:14).

Uma atividade imprescindível é manter uma vida de comunhão significativa através da oração, da vigilância e do estudo da Bíblia (Marcos 13:33). Esse relacionamento com o Senhor, aumentará nossa confiança nEle, neutralizando o temor em torno dos eventos finais (Ver Lucas 21:25-28). Enquanto “haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo”, os servos de Deus aguardarão com alegria o dia de Sua manifestação para levá-los ao céu (Isaías 25:9). Finalmente, devemos manter um estilo de vida amorável e perseverar na prática dos ensinos bíblicos que aprendemos (2 Tessalonicenses 2:15 e Mateus 24:13).

Refletindo sobre esse assunto, Ellen White declarou: “O amor aos homens é a manifestação do amor de Deus em direção a Terra. Foi para implantar esse amor, fazer-nos filhos de uma família, que o Rei da Glória se tornou um conosco. E quando se cumprirem as palavras que disse ao partir: ‘Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei’, quando amarmos o mundo assim com ele amou, então Sua missão por nós está cumprida. Estamos aptos para o céu, pois O temos no coração” (Desejado de todas as nações, 641).  
O ano de 2013 será uma nova oportunidade para colocarmos essa citação em prática. Ao invés de atemorizar-nos por falsos presságios ou especular sobre assuntos desconhecidos poderemos dedicar nosso tempo para amar a nosso próximo como a nós mesmos (Mateus 22:39), anunciando-lhes também que, breve Jesus voltará (Apocalipse 22:20).

Ribamar Diniz
Bacharel em Teologia, estudante do SALT-Bolívia e Editor da Revista Doxa

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