Onde você estava no
último dia 22? Enquanto muitos
estavam apreensivos, eu estava tranquilo, pregando um sermão intitulado: “O
mundo vai acabar em 2012?”, na
Igreja Adventista del Lago I, em Brasília. O objetivo desse sermão era mostrar porque Jesus não voltou no dia 21 de
dezembro e como preparar-nos para Seu
advento. Esse artigo é uma adaptação daquele sermão. Preguei esse tema porque,
com base a uma suposta profecia maia, muitos esperaram o fim do mundo para aquela
data.
Como
já ocorreu em datas anteriores (sendo 2000 a mais famosa delas), o assunto atraiu
a atenção do mundo. Após a data, podemos esperar novos prognósticos dos
místicos e adeptos da Nova Era, além de um mundo mais cético com relação à
volta de Jesus (Veja 2 Pedro 3:3-4).
Curiosidade antiga
A curiosidade em
torno da data do fim do mundo é antiga. Nos tempos do Novo Testamento, tanto os
apóstolos de Cristo, quanto a Igreja Cristã Primitiva queriam saber em que dia
o Senhor retornaria. Ainda durante o seu ministério, Jesus foi alvo da seguinte
pergunta, feita por seus discípulos: “Quando sucederão estas coisas e que sinal
haverá da tua vinda e da consumação do século?” (Mateus 24:3).
Em meio a várias
orientações sobre o assunto, Cristo declarou enfaticamente: “Mas a respeito
daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o
Pai” (Mateus 24:36). Mesmo após a ressurreição de Cristo, os seus apóstolos
queriam saber se este era “o tempo em que restaures o reino a Israel?” Dessa vez, a resposta foi mais dura, pois Cristo
“respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou
pela sua exclusiva autoridade”.
Vários anos depois, a curiosidade continuava presente na vida da igreja,
pois alguns criam que o “Dia do Senhor” já havia chegado. Paulo explicou aos
cristãos de Tessalônica que esse evento não aconteceria antes do cumprimento de
algumas profecias futuras (2 Tessalonicenses 2:1-5).
Nas três ocasiões acima, a Bíblia deixa claro que a data da volta de
Jesus e consequentemente do fim do mundo é desconhecida. Esse é um segredo que
o próprio Deus reserva para Si, por várias razões. Para George Knight, “Cristo
claramente ensinou que aqueles que aguardam Sua vinda devem colocar a ênfase em
ser servos fiéis... isso é motivo de frustação para alguns de nós, pois estamos
mais preocupados com o tempo do advento do que em sermos fiéis. Jesus, porém,
deseja que desviemos nossa atenção dessa obsessão e vivamos cada dia de tal
maneira que estejamos prontos quando Ele chegar” (A Visão Apocalíptica e a Neutralização do Adventista, 103). Realmente, Cristo não voltou no dia esperado, pois Ele deixou claro que voltará quando não o estiverem esperando (Marcos 13:35-37).
Apesar disso, muitos teimam em querer marcar o dia da volta de Jesus.
Alguns de forma direta e outros indiretamente, usando cálculos complicados e
artificiais para enganar os mais desavisados. Devemos evitar toda e qualquer
especulação em torno do assunto da parousia
de Cristo, pois a marcação de datas causa muito sensacionalismo, sem, contudo
preparar-nos para aquele dia especial. No passado recente, várias especulações
surgiram em torno ao assunto.
Uma das especulações mais famosas esteve relacionada à carta Apostólica Dies Domini, lançada pelo Papa João
Paulo II em 1998. Essa carta, nessa época, causou um alvoroço em muitos
arraiais adventistas. Alguns consideraram “o documento papal como a predita lei
dominical”. Além disso, “a iminência do Terceiro Milênio, os preparativos para
o ‘Grande Jubileu’ católico do ano 2000, a publicação dessa carta apostólica e
o alegado término dos ‘6000 anos’” pareceram revestir aqueles “dias de uma
solenidade sem precedentes.” Naquela ocasião, na mente de muitas pessoas (mesmo
alguns adventistas!), ecoava incessantemente o dito popular “até mil irás, dois
mil não passarás”. (Alberto R. Timm, Revista
Adventista, janeiro de 1999, 38). Naquela ocasião, e até hoje, muitos
alegaram que era hora de fugir das cidades, quando sabemos que “o tempo
específico para nos retirarmos, como um povo, das cidades é quando a lei
dominical for efetivamente promulgada e implementada. (Ver Eventos finais, cap. 8; Preparação
para a Crise final, cap. 6), (Idem). Com respeito a toda suposta marcação
de datas para a volta de Cristo e itens relacionados, devemos reconhecer que
não sabemos “quando será o tempo”(Marcos 13:33).
Porque tantas pessoas dão crédito a esse dito de presságios alarmistas? A
resposta é simples. Eles dão ouvidos a fontes não bíblicas. Segundo a Palavra
de Deus, nos últimos dias da história surgiriam falsos mestres, “homens
perversos e impostores” enganando e sendo enganados (2 Timóteo 3:1, 13). “Pois
haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão
de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos
ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2
Timóteo 4:3-4). Nossa fonte de informação escatológica deveria ser a Palavra de
Deus, não a opinião infundada de falsos mestres.
Em nossa preparação e pregação, devemos demonstrar urgência, mas não
alarmismo. O que fazer para estar prontos para a volta de Jesus?
Preparo
para a volta de Jesus
Para George Knight, duas palavras importantes para todo aquele que espera
a volta de Cristo são “vigilância e prontidão” (A Visão Apocalíptica e a Neutralização do Adventismo, 94). Creio
que algumas atitudes são necessárias, a fim de preparar-nos para o retorno de
Cristo.
Em primeiro lugar, devemos estar atentos aos sinais anunciados pelo
próprio Senhor (Marcos 13:5-8). Esses sinais indicam a proximidade desse
acontecimento. Em segundo lugar, precisamos atender a orientação dada aos
primeiros discípulos, a mais de 2000 anos. Ao invés de declarar o dia de seu
retorno, Jesus lhes deu uma promessa especial para eles cumprirem uma missão
importante. “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e
até aos confins da terra” (Atos 1:8). Deveríamos fazer o mesmo, buscando o
poder do Espírito Santo, para pregarmos o evangelho a todas as nações, pois,
quando essa tarefa estiver concluída, podemos estar seguros de que “virá o fim”
(Mateus 24:14).
Uma atividade imprescindível é manter uma vida de comunhão significativa
através da oração, da vigilância e do estudo da Bíblia (Marcos 13:33). Esse
relacionamento com o Senhor, aumentará nossa confiança nEle, neutralizando o
temor em torno dos eventos finais (Ver Lucas 21:25-28). Enquanto “haverá homens
que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao
mundo”, os servos de Deus aguardarão com alegria o dia de Sua manifestação para
levá-los ao céu (Isaías 25:9). Finalmente, devemos manter um estilo de vida
amorável e perseverar na prática dos ensinos bíblicos que aprendemos (2
Tessalonicenses 2:15 e Mateus 24:13).
Refletindo sobre esse assunto, Ellen White declarou: “O amor aos homens é
a manifestação do amor de Deus em direção a Terra. Foi para implantar esse
amor, fazer-nos filhos de uma família, que o Rei da Glória se tornou um conosco.
E quando se cumprirem as palavras que disse ao partir: ‘Que vos ameis uns aos
outros, assim como Eu vos amei’, quando amarmos o mundo assim com ele amou,
então Sua missão por nós está cumprida. Estamos aptos para o céu, pois O temos
no coração” (Desejado de todas as nações,
641).
O
ano de 2013 será uma nova oportunidade para colocarmos essa citação em prática.
Ao invés de atemorizar-nos por falsos presságios ou especular sobre assuntos
desconhecidos poderemos dedicar nosso tempo para amar a nosso próximo como a
nós mesmos (Mateus 22:39), anunciando-lhes também que, breve Jesus voltará (Apocalipse 22:20).
Ribamar Diniz
Bacharel em Teologia, estudante
do SALT-Bolívia e Editor da Revista Doxa
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