segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

EVANGELISMO PÚBLICO, II


Antes de iniciar a série de conferências, o pastor Marcelo Dadamo, evangelista da Associação Planalto Central, orientou-nos a preparar a igreja através de seminários especiais. Em minha igreja, localizada na QR 323, de Samambaia (Brasília) apresentei o seminário sobre Recepção e Conservação. Os anciãos da igreja, Erivaldo e Vítor Hugo, apresentaram os seminários Como dá estudos bíblicos e Como responder as objeções, respectivamente.

Além dos seminários, visitamos várias famílias adventistas, incentivando-os a participar. Visitamos também algumas famílias que estão afastadas e a vários interessados, que haviam participado da semana de decisão, realizada em setembro. Graças a isso, sete pessoas foram batizadas antes do início da campanha. Seis delas foram batizadas na Caravana da Esperança, realizada no dia 28 de outubro e uma no sábado seguinte, na própria igreja.

Desafios 

Apesar dessas bênçãos iniciais, houve também alguns desafios inesperados. O primeiro foi o contexto sócio-religioso da localidade. Trabalhamos ao Sul da cidade, considerada bem pobre e marginalizada. Durante as vistas, era “comum e normal” ver jovens usando drogas (especialmente a maconha) durante o dia, em qualquer rua, sem nenhum controle. Quando perguntei aos irmãos que me acompanharam nas três primeiras de visitação sobre isso, eles responderam que “aqui nessa área é normal isso”. Os assaltos também são freqüentes nessa localidade. Poucas semanas após iniciar o trabalho, houve um assalto com tiros numa farmácia próxima a igreja. Também encontrei muitas pessoas acometidas por problemas “mentais” e psicológicos. Foi triste visitar pessoas enfermas, sem controle de si.

Um aspecto paradoxal e igualmente desafiador era a enorme quantidade de igrejas evangélicas (especialmente pentecostais) em Samambaia Sul. Em meio a tanto crime, uso de drogas, excesso de música, promiscuidade sexual e distúrbios mentais de todo tipo, há uma enorme quantidade de igrejas que, aparentemente, não conseguem libertar as pessoas de seus vícios e causar um impacto decisivo nessa sociedade. Essas igrejas estão em cada quadra do lugar. Encontrei três igrejas que são vizinhas! Ao lado da Igreja Católica local há uma grande igreja evangélica!

Essas congregações (pentecostais) possuem nomes exóticos e cultos barulhentos. A maioria de seus membros são muito fiéis aos dogmas de seus ministérios e de seus pastores. A Igreja Adventista do Sétimo, apesar de ter sua sede sul-americana em Brasília, onde conta com uma imagem pública positiva, é vista em alguns círculos como uma “seita” perigosa, que os verdadeiros crentes devem evitar. Se um crente (de Samambaia Sul) deseja congregar em outro ministério não há problemas. Mas quando começa a estudar a Bíblia com os adventistas, ele é visitado freqüentemente pela liderança de sua igreja e advertido sobre o perigo de aceitar os ensinos bíblicos do sábado, dos animais imundos (Veja Levítico 11 e Deuteronômio 14), do verdadeiro dom do Espírito Santo, entre outros. Esses fatos demonstraram que não seria nada fácil salvar almas nessa região.

Felizmente, Deus e seus anjos nos protegeram durante toda a campanha. O Espírito Santo também falou ao coração de muitos irmãos evangélicos que superaram o preconceito a eles imposto e hoje se regozijam na verdade.

Frente a frente com o inimigo

Um dos maiores desafios, porém, foi de natureza mais sobrenatural. Quando cheguei, percebi que não seria fácil desafiar o inimigo em seu território. Logo no sábado inicial (15 de setembro), aconteceu um fato no mínimo estranho e assustador para muitos. Uma mulher chegou na hora da Escola Sabatina, pedindo para entrar na igreja. Queixava-se de muita dor. O ancião, o irmão Vítor Hugo, a segurou pelo braço e a conduziu em minha direção. A pobre mulher gemia de dor, estava encurvada e não conseguia caminhar sozinha. Eu estava recepcionando os irmãos que chegavam com alegria para mais um culto sabático.

Ao ver aquela senhora de meia idade encurvada, pálida, todos pensamos que ela estava doente. Eu disse ao Vítor Hugo que íamos orar por ela, que fosse sentar-se na salinha das crianças. Mas ela piorou, passou a gemer mais e parecia que ia desmaiar. Algum tempo depois começou a se contorcer. Pedi a um irmão para chamar o Corpo de Bombeiros, pois, temi que ela morresse na porta da igreja. Os diáconos a sentaram numa cadeira e ela caiu, passando a se contorcer no chão.

Nesse momento, notei que toda a igreja ia sair do templo, para ver o macabro espetáculo. Os irmãos passaram a ouvir os gritos que ela dava. Fui até a portão da igreja, e pedi a eles que continuassem o culto. De repente a mulher se levantou e começou a acusar a um irmão da igreja. Dizendo em voz alta: “Você matou meu irmão”. “Você matou meus irmãos”. O irmão Daniel a encarou, enquanto ela gritava. Essa mulher, que estava deitada no chão sem força alguma, de repente se levantou rapidamente.  A partir daí, sentimos uma sensação estranha. Pressentimos que se tratava de uma atuação direta de Satanás.

Naquele sábado, daríamos início ao evangelismo. Íamos pregar o primeiro sermão de motivação para a igreja e o inimigo de Deus não estava feliz. Pois ele sabia que perderia muitos de seus cativos para Cristo. Tentou interromper, assustar a igreja e a mim particularmente. Uma irmã me falou que conhecia aquela senhora. Pedi então que ela chamasse a algum de seus familiares. Quando eles chegaram, a mulher já estava mais calma. Eles a levaram para casa.

Antes de pregar aquele sábado, li para a igreja Apocalipses 12:17, assegurando que o inimigo estava derrotado. Incentivei os irmãos a reconsagrarem a vida a Deus e abandonarem qualquer pecado para que o inimigo não voltasse manifestar-se durante as pregações. À tarde fizemos várias visitas. Quatro pessoas tomaram a decisão de batizar-se nesse sábado. O inimigo tentou, mas foi derrotado mais uma vez. O trabalho prosseguiu, sem maiores problemas, com muitas pessoas sendo libertas do poder do inimigo de Deus (João 8:32).

A partir do dia 29 de outubro, iniciamos o “Curso como deixar de fumar em poucos dias”. Graças às palestras, orações e entrega de medicamentos, umas 20 pessoas conseguiram vencer o vício do tabagismo. Esse curso foi seguido por palestras educativas. Essas palestras atraíram a um bom público. Em seguida vieram os temas bíblicos e o seminário do Apocalipse. O evangelismo continuou até o dia 02 de dezembro, quando a última pessoa foi batizada. No total 24 almas tomaram a decisão de uma nova vida com Cristo. Há outras 25 estudando a Bíblia com irmãos da igreja e 60 interessados que serão visitados por dois obreiros que vão continuar o trabalho. É por isso que a Deus diz: “Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” (Isaías 55:11)

Ribamar Diniz é Bacharel em Teologia, Aluno do SALT-Bolívia e Editor da Revista Doxa

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