quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Jornada de fé I: Conhecendo a América do Sul

Essa é a primeira de uma série de reflexões sobre os melhores momentos vividos por Ribamar Diniz e família durante sua preparação para o ministério pastoral, na Universidade Adventista da Bolívia. 

Visita a Divisão Sul Americana



Algum tempo depois de chegar à Bolívia para estudar teologia, decidi conhecer pelo menos quatro países da América do Sul. Visitando esses lugares, poderia entrar em contato com a cultura local e com a família de Deus aí reunida. Interessavam-me especialmente as características da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) e seu trabalho nessas terras. Isso ampliaria minha visão sobre a Obra de Deus na Divisão Sul Americana (sede da IASD para oito países desse continente).

Entre tantos destinos, escolhi meu próprio país (Brasil); Bolívia (onde estou estudando), Equador (o país que divide o mundo) e Chile (onde o continente americano termina). Essa reflexão descreve meu contato com a cultura, com os pontos turísticos e alimentação, além de detalhar alguns traços da IASD nos países mencionados.

Onde consegui tanto dinheiro para as viagens? Simples: Meu orçamento estaria vinculado ao trabalho que desenvolveria nas férias - colportagem evangelística. O universitário adventista pode aproveitar as férias para evangelizar e fazer turismo ao mesmo tempo, distribuindo literatura denominacional. É só planejar bem, fazer os devidos contatos e ter certa dose de ousadia e fé. Os resultados compensam os riscos. Os benefícios são bem maiores do que o investimento, que será minimizado pelo trabalho de colportagem. Quando eu e a família não estávamos em campanhas (com uma casa alugada); fomos acolhidos com muito carinho por amigos e igrejas, que nos fizeram sentir-nos em nosso próprio lar.

A mãe do pastor mexicano Arturo Betancourt, um amigo que conheci na Bolívia, afirma que para ser inteligentes, devemos ler bastante e viajar muito. Além disso, aventurar-nos por lugares desconhecidos e desafiadores aumenta nossa fé e proporcionam momentos de intimidade com o Senhor. Por outra parte, torna-nos mais sensíveis e tolerantes para com o próximo. O intercambio de ideias com pessoas de outros ambientes, enriquece nossa bagagem cultural. Percebemos que, apesar de serem diferentes em sua forma de falar, de pensar e de agir, as pessoas têm as mesmas carências e necessidades espirituais. Essas são algumas das vantagens de visitar outro país.    

Explorando um gigante

Depois de percorrer quatro das cinco regiões brasileiras (somente não fui à região Sul), adquiri uma maior apreciação por meu próprio país. Percebi quão pouco sabia acerca da nossa cultura e de nossa história. A mistura étnica entre os brasileiros e os contrastes socioculturais, torna esse país um universo com imagens, sons, cores, sabores e sensações únicas. O brasileiro é alegre e criativo por natureza. Nos últimos anos, com o crescimento econômico do país, milhares de famílias melhoraram sua renda, o que favorece o trabalho dos colportores evangelistas. Entre os destinos turísticos, conheci a cidade das mangueiras (no Pará); a estátua do Padre Cícero (no Ceará); a praça dos três poderes (em Brasília); a cidade do Natal (no Mato Grosso do Sul) e parte da fauna e flora do Pantanal mato-grossense. Entre os pratos típicos, provei o frango no tucupi e a maniçoba (no Pará); a tapioca de coco na palha da bananeira (em Rondônia); o baião de dois (no Ceará); a sopa paraguaia (no Mato Grosso do Sul); o doce de buriti (em Brasília) entre outros.

Distribuí literatura adventista em varias cidades das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro Oeste. Entre outras características positivas, nas duas primeiras regiões a igreja é vibrante e entusiasta. Embora não conte com muitos recursos financeiros, supera desafios incríveis para pregar o evangelho. Na região Centro Oeste e Sudeste, a Igreja é muito organizada e planeja bem suas atividades. Além disso, estão focados no plano de discipulado e pequenos grupos.

Sem dúvida, São Paulo (onde estive 10 dias, em 2008), é um grande centro da Obra Adventista. É a Jerusalém Adventista na América do Sul. Além de abrigar a Casa Publicadora Brasileira, a Rede Novo Tempo de Comunicação e o Centro Universitário Adventista de São Paulo, possui sedes administrativas bem estruturadas e um grande volume de recursos, graças à fidelidade de seus membros, sendo palco de megaeventos da igreja. Nessa metrópole sul-americana, notei como nossa igreja é grande, graças às bênçãos de Deus e a fidelidade de seus membros.

O Estado brasileiro onde mais trabalhei nessa fase foi o Mato Grosso do Sul. Fiquei encantado com Campo Grande, uma capital tranquila, bonita e bem organizada. Também estive em várias cidades do interior, como Rio Verde, São Gabriel do Oeste, Cidrolandia, Corumbá, etc. Durante minha estadia no Estado, visitei o Paraguai, aproveitando os bons preços da cidade de Pedro Juan Caballero.    

Microcosmos do mundo

A Bolívia é considerada um país plurinacional, com 32 etnias diferentes e o predomínio dos idiomas espanhol, quéchua e aimará. Devido a sua enorme variedade de climas, vegetação e geografia foi descrita por Alcides D’Orbigny como microcosmos do planeta e síntese do mundo. Outro fato curioso, pouco conhecido, é que sua capital é Sucre, e não La Paz (sede de governo) como aparece nos livros de geografia. Entre 2008 e 2013, visitei sete (Cochabamba, La Paz, Santa Cruz de la Sierra, Pando, Beni, Oruro e Potosí) dos nove estados bolivianos. Estive no monumento Cristo de la Concórdia (maior que o Cristo Redentor); escalei o Tunari (a 5.050 metros de altitude) e passeei pela cidade paleontológica de Toro Toro, palco de pegadas de dinossauros e outras evidências do Dilúvio Bíblico. 

A Igreja Adventista na Bolívia é muito hospitaleira. Os almoços coletivos estão entre as atividades que fortalecem a amizade entre os membros. Os irmãos das regiões mais frias (como La Paz e Oruro) dedicam as madrugadas para evangelizar. A ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) é uma das mais estruturadas do mundo. A União Boliviana também foi pioneira no desenvolvimento da rádio adventista para o território da Divisão. Atualmente conta com três campos, planejando a abertura da Missão Andina para um futuro próximo. Atualmente a Universidade Adventista da Bolívia é berço de muitos missionários que estão se destacando em diversos países sul-americanos.  

No país que divide o mundo

O próximo destino foi mais distante: Equador, o famoso país que contem uma linha imaginária que divide o globo entre hemisfério Sul e Norte. Também abriga as exóticas Ilhas Galápagos, com suas tartarugas gigantes e outros espécies raros. Em julho de 2011 visitei essa nação, conhecendo especialmente quatro cidades do litoral (Guayaquil, Manta; Montrecristi e Salinas). O povo equatoriano é muito alegre. É espontâneo como o brasileiro.

O Equador é o maior exportador de bananas da América do Sul, tendo diversos pratos dessa fruta. Desfrutei algumas iguarias feitas com bananas. É possível que o consumo de banana contribua para o bom animo desse povo, pois ela é considerada uma fruta antidepressiva.  Além disso, provei o famoso seviche, peixe cozido apenas com limão. Visitei, em Montecristi, “La ciudad del Faro”, museu construído em homenagem a um herói da independência do país e uma praia em Salinas, banhando-me pela primeira vez nas águas do Oceano Pacífico. Durante a viagem por terra, cruzei boa parte do Perú, sede do famoso Império Inca, visitando o Lago Titica (o mais alto do mundo); o Majestoso Convento de São Francisco e o Museu da Inquisição em Lima, capital peruana, além de comer trucha, um dos pratos da culinária peruana, considerada uma das melhores do mundo. 

Lago Titicaca, Perú
Embora o número de adventistas no Equador seja relativamente pequeno (uns 15 mil) a igreja está crescendo bastante nos últimos anos. A União Equatoriana se divide em duas Missões (Sul e Norte) e possui um Instituto Tecnológico Superior, que planeja ser universidade no futuro. No Equador algumas igrejas realizam um culto de oração nas segundas feiras à noite. É um excelente campo para colportar, pois, como me disse o pastor Manuel Vinueza, diretor de Publicações na Missão do Sul, essa região “é a terra que mana leite e petróleo”. Na União Equatoriana, o estudante recebe um kit completo para seu trabalho (camiseta, pasta e prospecto) e metade do bônus da bolsa, caso não consiga completar a bolsa.

Onde o mundo acaba

O último desafio seria visitar o Chile, um dos países mais desenvolvidos das três Américas. Segundo alguns especialistas, esse será o primeiro país sul americano a vencer o subdesenvolvimento. Além disso, Chile está situado no ponto mais extremo da América do Sul, por isso, pode ser considerado o “país onde o mundo acaba”.

Viajei de Cochabamba a Arica, uma cidade localizada no Norte do país. O Chile está dividido entre Norte e Sul, sendo Santiago (sua capital) o que reparte essas regiões. O Sul é extremamente frio e o Norte é muito quente. Ultimamente algumas cidades do Norte (como Arica), devido às mudanças climáticas, estão mais frias que antes. Nas duas regiões, o povo chileno toma muito “té” (chá), sendo o evento social mais importante entre as famílias e amigos. Além disso, tem um espanhol apressado, ou “al tiro” (ao instante, rapidamente), expressão popular aí.

Museu das Múmias, Arica - Chile
Os chilenos em geral, são bastante educados e cultos. No trânsito, para citar um exemplo, param seus veículos quando colocamos o pé no asfalto, acenando com a mão para que passemos com tranquilidade. Também são solícitos em fornecer informação e recebem muito bem aos brasileiros. O Chile é um país bem organizado, com um sistema de leis; educação, segurança e saúde, bem desenvolvidos. Além disso, conta com uma das melhores polícias do mundo. Por ser uma região sísmica, conscientiza a população e realiza periodicamente simulados para grandes catástrofes. Em Arica conheci as múmias mais antigas do mundo; e o Cerro de Arica, onde há um museu que conta parte da Guerra do Pacífico.  

A União Chilena está dividida em cinco campos; possui uma filial da Associación Casa Editora Sudamericana (onde imprimem parte das publicações para a igreja e Colportagem); dezenas de escolas (com 25 mil alunos) e uma Universidade na cidade de Chillán, no extremo sul do país.

A Igreja, com certa frequência, recebe missionários brasileiros. Nos últimos anos, trabalharam nesse lugar os pastores Adílson Morais e João Vicente (colportagem), Stanley Arco (Ministério Jovem) e Jeú Caetano (Mordomia). Devido ao frio, em algumas localidades, só se realizam cultos nos sábados e nas quartas-feiras.

Para complementar as viagens, tive contato com irmãos da igreja, amigos e professores de outros países sul-americanos e de outras partes do mundo. Passear por esses países e conversar com essas pessoas me convenceu que fazemos parte de uma grande família. Fez-me refletir sobre o enorme número de pessoas que ainda não conhecem as verdades bíblicas. E motivou-me a aumentar meu compromisso de fazer discípulos de todas as nações, até que o Senhor venha (Mateus 28:18-20). Você não gostaria de fazer o mesmo?


Ribamar Diniz, sua esposa Cícera Diniz e seus filhos Lohan e Landon moram em Cochabamba (Bolívia), onde ele está concluindo sua preparação ministerial no Seminário Adventista Latino Americano de Teologia e servindo como vice-presidente da Sociedade Estudantil Honorífica de Investigação Teológica e editor da Revista Doxa.  

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