É um
privilégio especial viajar por diferentes lugares e participar de uma variedade
tão grande de atividades da igreja! Isso dá ampla visão e
profundo contato com a bondade e os milagres de Deus no meio
de Seu povo.
É emocionante ver movimentos impactantes, gente comprometida
e vidas
transformadas.
Por outro lado, vejo coisas que preocupam e compreendo que,
como família, precisamos parar e refletir sobre elas. Uma dessas é o lugar que
a Bíblia tem ocupado na vida pessoal de nossos membros e em nossos púlpitos.
Somos o povo da Bíblia. Precisamos manter e aprofundar essa visão. Nossa
doutrina é muito bem fundamentada na Palavra de Deus. Os membros da igreja a
conhecem e nossa pregação deve estar profundamente alicerçada
em seu uso e
em suas palavras.
Fico desconcertado quando vejo um pastor pregar sem usar nem
mencionar sequer um texto bíblico. Poucos dias atrás, assisti a um culto em que
o pregador, em seu sermão, apresentou histórias, ilustrações engraçadas,
citações de cientistas, psicólogos e outros estudiosos, mas nenhuma passagem da
Bíblia! Para muitos, aquela manhã de sábado foi a única ocasião em que
estiveram acessíveis para receber o alimento espiritual, mas saíram da igreja
vazios. Voltaram para casa bem informados, mas pouco transformados. Receberam
na igreja o que receberiam em qualquer outro lugar ou momento, mas deixaram de
receber aquilo que só a Palavra de Deus pode dar.
Em outros casos, tenho visto pregadores levarem sua mensagem
bem escrita
e em bonitas folhas de papel. Muito bem pesquisada, estudada
e escrita, mas
sem a Bíblia na mão. Eles se preocupam com os papéis, a
profundidade, a pesquisa e a eloquência, mas sequer levam a Bíblia para o
púlpito.
Outras vezes, aparecem pregadores querendo ser modernos,
criativos e
tão empolgados com a tecnologia que substituem o uso da
Bíblia pela mídia.
Apresentam sermões bem ilustrados em PowerPoint, em que a Bíblia é mencionada mas não aberta. Outras vezes, são
usados iPad, iPhone
ou outro equipamento tecnológico nas
mãos, em lugar da própria Bíblia.
Não podemos substituir a Bíblia por criatividade, tecnologia,
carisma, inteligência ou capacidade. Todos esses são meios que podem ser usados
por Deus para ampliar o efeito de Sua Palavra. Principalmente os equipamentos
tecnológicos são ferramentas preciosas de apoio, facilitação e até reforço, mas
nunca podem substituir o Livro Sagrado. Diminuir o uso da Bíblia ou colocá-la
em segundo plano significa fragilizar o alcance da Palavra de Deus. Quando o
pregador não usa a Bíblia, estimula seus ouvintes a fazer o mesmo. Não podemos
correr esse risco. Usemos a Bíblia!
Em 1909, quando Ellen G. White esteve presente pela última
vez numa assembleia da Associação Geral, em um dos momentos mais importantes de
sua participação ela levantou a Bíblia bem alto e disse: “Recomendo-vos este
Livro.” Precisamos recordar essas palavras e valorizá-las mais.
Muito tempo já se passou, mas a recomendação continua a mesma
e segue sendo
adequada para nossos dias. Precisamos destacar mais a Bíblia
Sagrada e não recursos paralelos. A Bíblia nas mãos do pregador tem significado
especial. Demonstra sua importância, mostra que ela é uma companhia frequente e
precisa fazer parte de nossa vida. Por isso, use a Bíblia!
Sem dúvida, a mensagem é mais importante que o livro em si,
mas ambos têm uma relação muito forte. O contato com a Bíblia tem um
significado que deve ser estimulado em público e em particular. Trata-se do
livro que nos acompanha por toda a vida, ou em grande parte dela. É nela que
lemos, sublinhamos, anotamos, nos emocionamos, deixamos nossas marcas. Ela
registra nossa caminhada com Deus. Não muda, está sempre ali, surrada, usada,
marcada. A Bíblia tem uma relação emocional e de reforço espiritual com seu leitor.
Por favor, no púlpito ou na comunhão pessoal, use a Bíblia!
A Bíblia, como Livro Sagrado, tem muitas características que
a distinguem. É exclusiva: não é um equipamento qualquer que serve para muitas
atividades, entre as quais a leitura de palavras inspiradas. É única:
consagrada e dedicada ao encontro com o Senhor. É motivo de respeito: cuidamos
dela com o mesmo carinho e solenidade que dedicamos ao próprio Deus.
Não sou contra o uso da tecnologia. Ao contrário, acredito em
seus benefícios. Uso o computador e o iPad para
fazer leituras e pesquisas, inclusive em materiais religiosos, e entendo que
eles podem ser de grande ajuda. Existem
sites riquíssimos, bons materiais e programas que
potencializam o conteúdo
bíblico. Eles podem fazer parte do dia a dia, inclusive
servir de apoio ao crescimento espiritual e na comunhão com Deus. Mas não podem
substituir o uso
da Bíblia Sagrada. Deixá-la de lado ou substituí-la por algum
equipamento pode
parecer moderno e tecnológico, mas não tem o mesmo resultado.
Por isso,
use sempre a Bíblia e a tenha em mãos como companheira!
Erton Köhler
Presidente da Divisão Sul-Americana
Fonte: Revista do Ancião,
abril a junho de 2013, Págs., 13-14.
Nota:
Achei muito oportuna essa mensagem
verdadeiramente pastoral de Erton Köller, presidente da Igreja Adventista em
nosso território. Embora alguns creiam que não importa o que usemos no púlpito,
pois o Espírito Santo grava a mensagem no coração do crente, creio que é importante
adequar-nos aos princípios explanados nessa reflexão. Alguns creem que, com
respeito ao texto bíblico, o mais importante é o fundo, não a forma. Apesar de concordar
em parte com eles, penso que a Bíblia como livro impresso, ainda é um livro
consagrado para uso espiritual, diferente dos aparelhos eletrônicos. Estou de
acordo com um amigo que, sobre o uso do iPad na pregação afirma que “A Bíblia
está no iPad, mas o iPad não é a Bíblia”.
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