domingo, 18 de agosto de 2013

Jornada de fé II: O chamado



Essa é a segunda de uma série de reflexões sobre os melhores momentos vividos por Ribamar Diniz e família durante sua preparação para o ministério pastoral, na Universidade Adventista da Bolívia.  

Chamado Inconfundível


Quando Deus me chamou, eu não tinha nenhum interesse no ministério. Em minha primeira década como adventista, nunca pensei em ser pastor. Atuei em varias áreas, mas em nenhuma senti que deveria dedicar-me ao ministério pastoral. Vários irmãos insistiam para que estudasse teologia, mas eu não me sentia chamado. Para decidir ser um pastor, Deus teria que mostrar-me claramente que assim o desejava ¡E o fez!

Centro de Juazeiro do Norte
“¿Você vai ao concilio, Ribamar?” me perguntou Gil Vicente, um irmão de Juazeiro do Norte, cidade nordestina conhecida como a Terra do Padre Cícero. “Não, respondi com certa tristeza. Primeiro porque não tenho dinheiro, e segundo porque não sou ancião esse ano.” Gil lamentou, sabendo que esses eventos me encantavam.
Foi uma surpresa quando, dias depois, Gil disse entusiasmado: “Ribamar, o irmão Aires não vai ao concilio, e disse que tudo já está pago para que você participe.” Era fevereiro de 2006, e o evento era o Concílio de Anciãos da Missão Costa Norte. Feliz, viajei a cidade Maracanáu, a 600 quilômetros de Juazeiro, para assistir o concilio por providencia divina.
No concílio percebi que um de nossos anciãos estava preocupado. Senti uma forte impressão de que devia falar com ele. Quando me aproximei, ele disse-me que estava orando para que alguém o aconselhasse em seus problemas. Depois do diálogo, o jovem ficou mais alegre e eu pensativo. ¿Porque Deus me havia impressionado para ajudar-lhe? ¿Será que Ele estava me escolhendo para una obra especial por seu povo?

O evento transcorreu normalmente até o ultimo dia, quando, em seu último sermão, o pastor Emilio Abdala pregou uma poderosa mensagem. Quatrocentos anciãos escutavam a mensagem.  Da mina cadeira, olhava aos demais, mas parece que mensagem era somente para mim. Nesse momento senti que Deus estava chamando-me para ser um pastor. Uma frase que me convenceu que o chamado era especificamente para o ministério pastoral, foi quando o pregador disse com autoridade: “Eu estou pregando o sermão da sua ordenação ministerial”. No apelo, acrescentou: “Quem sente que tem um chamado especial, venha a frente.”  Quando uma jovem começou a cantar  Eu fui chamado por Jesus, e me entreguei de coração, entreguei minha vida a Deus para servir em Sua obra. Decidi que, si Deus assim desejava, seria um pastor adventista do sétimo dia por toda a vida. Fui a frente e participei da oração do Pr. Abdala.

Não contei a ninguém o que havia acontecido. Decidi dedicar os dois próximos anos para preparar-me intelectual e economicamente para estudar teologia no SALT- Bahia. Embora estivesse convicto do chamado, Deus deu-me outras evidencias nesse período.

Deus nunca desiste
“Como é o ministério por dentro?” perguntei ao pastor Moab Cidreira, antes de voltar a Juazeiro.  Ele respondeu essa e outras perguntas e afirmou que eu tinha perfil para o ministério, mas deveria ir ao seminário prepara-me, pois ali, Deus tira “as arestas” do caráter.

Nessa época, passava por dificuldades económicas. Por isso, decidi fazer um concurso público. Quando entrei na sala do exame, uma das primeiras coisas que vi foi uma frase, com letras maiúsculas, na parede: Deus nunca desiste dos sonhos que tem para você. Embora alguns leram essa mensagem como um incentivo, eu a entendi como uma repreensão. Novamente senti a convicção que devia ir ao seminário. Entretanto, completei os difíceis requisitos do concurso, e fui aprovado. Recebi a carta para assumir o cargo, mas rejeitei a proposta, sabendo que Deus tinha planos melhores para mim.

Com os colegas do curso
Ainda soavam em minha mente as palavras: “Estou pregando o sermão de sua ordenação ministerial”, quando o pastor Izeas Cardoso me ordenou como ancião, no dia 10 de dezembro de 2007. Junto com a imposição de mãos, experimentei também uma habilitação espiritual, pois conseguir vencer, a partir daí, um problema espiritual que carregava há vários anos.

Naquele mês, o pastor Ivay Araújo foi o orador de nosso Campori de Desbravadores da região que eu coordenava. Em seu último sermão, ele fez um chamado a todos os “que desejavam entregar a vida integralmente para servir a causa de Deus”.  Atendi mais uma vez e depois lhe perguntei: “Pastor, como sabia que eu quero ser pastor?” Até aí só Cicinha e Lohan sabiam. Quando ele respondeu que não sabia, senti Deus apelando-me para não perder mais tempo. Ivay nos convidou para estudar na Bolívia, onde ele ia trabalhar como diretor de jovens.

Com Miguel Gomes na Bolívia
Decidimos deixar tudo e viajar a esse lugar distante e desconhecido. Nossas famílias ficaram apreensivas quando anunciamos nosso destino: Bolívia, um país que, quando Brasil era descoberto, já era parte do famoso Império Inca. Esse extraordinário reino se estendia desde Equador até Argentina, passando pelo Peru e Bolívia. Os antigos incas se consideravam os filhos do Sol, a quem adoravam.[1] Muitos bolivianos de hoje tem sangue daquela antiga civilização. Milhares deles já não adoram a Inti (o deus sol), mas Jesus Cristo, o Sol da Justiça (Malaquias 4:2). Foi em meio a essa raça principesca que fomos preparar-nos para promover, não o reino de Atahualpa - o último monarca inca – mas de Emanuel, o rei sempiterno.

Um grande amigo, Miguel da Silva Gomes, decidiu viajar conosco. Em fevereiro de 2008 passamos dez dias em São Paulo para carimbar os documentos no Consulado Boliviano, além de vender 150 exemplares de um livro que eu havia escrito. Daí seguimos rumo ao “território dos Incas”, até chegar a nosso destino. A viagem foi emocionante…



Ribamar Diniz, sua esposa Cícera Diniz e seus filhos Lohan e Landon moram em Cochabamba (Bolívia), onde ele está concluindo sua preparação ministerial no Seminário Adventista Latino Americano de Teologia e servindo como vice-presidente da Sociedade Estudantil Honorífica de Investigação Teológica e editor da Revista Doxa. 



Referências: 

[1] Ver Fernando A. Stahl, En el país de los Incas (Buenos Aires, Argentina: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2009), 9-16.

Nenhum comentário:

Postar um comentário